[ Jornal + | 29/01/2013 ] O contador de histórias em mim
Não é segredo que gosto de escrever. É por isso mesmo que fui convidado a participar nesta página, todos os meses, com uma crónica mais ou menos interessante. A verdade é que nem sempre acredito que tenha algo realmente relevante para partilhar, mas de uma forma ou de outra, as palavras surgem no ecrã (já lá vão os tempos em que se escrevia à mão numa folha de papel, ou até mesmo numa máquina de escrever).
No entanto, é a contar histórias que realmente me realizo enquanto escritor. Histórias que passam como verdadeiras longas-metragens na minha cabeça e me atiram para mundos paralelos, imaginários, repletos de recordações de vidas que não vivi, com pessoas que nunca conheci, mas que no entanto, me são tão familiares.
E cada livro é um filho. Pus nele um pedaço de mim, confidências dissimuladas, sonhos revelados, ou apenas frutos de uma imaginação fértil e que necessita de ser drenada para bem da minha sanidade. É por isso que escrevo! É para meu próprio bem que preencho estes espaços brancos, sejam folhas ou apenas pedaços de um qualquer ecrã de computador, mas depois do alívio que é pôr em palavras cada história, cada experiência, é natural para mim partilhá-las, como se de uma necessidade vital se tratasse fazer chegar estas histórias a quem as quiser conhecer.
Foi por isso que publiquei o meu primeiro romance há mais de 6 anos, “O Outro Lado da Verdade”. Foi a primeira história que terminei, quando tinha ainda 16. Desde então escrevi outras histórias, outros livros, mas nunca os publiquei. Estes últimos anos têm sido de grande descoberta para mim, a vários níveis, e outras das muitas paixões que tenho foram ganhando protagonismo no meu dia-a-dia. A escrita, porém, nunca ficou totalmente esquecida. E agora, mais do que nunca desde que me mudei para a Dinamarca, estou pronto para contar mais histórias e partilhar mais de mim sobre a forma de palavras.
Mas antes de surgirem novidades, senti necessidade de rever e reescrever parcialmente o meu primeiro romance. Durante este processo que já leva mais de um ano, decidi dividi-lo em duas partes. A primeira, “Memórias d'Um Espelho Quebrado”, está agora publicada sobre a forma de um blogue, acessível a qualquer pessoa que queira conhecer a história de amor entre Francisco e Madalena, vivida num Portugal pós-25-de-Abril, anos antes sequer da minha própria conceção. Podem desvendar que fado teve este casal em memoriasdumespelhoquebrado.blogspot.com.
P.S. Para a minha avó Leonor, que andava triste por nunca ter sido mencionada nas minhas crónicas, aqui fica uma pequena nota: “Já tenho saudades do bacalhau com natas, 'vó!”.
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