[Jornal + | 28/04/2012] Regresso a "casa"

Neste ano e meio que já passou desde que me mudei para a Dinamarca, tenho visitado Portugal com alguma regularidade. Sensivelmente de três em três meses volto à terra, visito a família, revejo os amigos, sereno o coração, aqueço a alma e acalmo a saudade.

Cresci numa família muito unida e muito presente na vida uns dos outros. A minha família paterna vive praticamente toda na porta ao lado e a materna, apesar de mais distanciada, ainda assim está a uns meros quilómetros que se fazem até a pé. Por isso, sempre tive contacto com todos eles. Via os meus tios, primos e avós, senão todos os dias, pelo menos uma vez por semana. E isso é seguramente uma das coisas de que mais sinto falta: estar perto. Perto dos que mais importam para mim.

Sempre que volto a “casa” – e agora uso as aspas para me referir àquela em que cresci – tenho a sensação que deixei o meu quarto tal qual o encontro, apenas umas horas antes, naquela mesma manhã, como se nunca tivesse partido. É estranho. Mas é incrivelmente reconfortante saber que o meu quarto está ali, sempre igual, meu. A minha mãe tem feito questão de deixar tudo como sempre esteve. Até alguma da “tralha” que foi ficando na secretária e que até hoje lá continua.

Normalmente quando estou por terras lusitanas, fico por uma semana, mas sabe sempre a pouco... Ficam sempre sítios por visitar, coisas por fazer, pessoas por encontrar... Na última visita, por altura da Páscoa, aproveitei para fazer uma nova tatuagem: “Time flies but you're the pilot.” (o tempo voa mas és tu que és o piloto). A história por trás desta marca que agora é parte do que sou, está intimamente ligada ao momento mais doloroso pelo qual passei até hoje. E se alguma lição pude tirar desse momento, com certeza a mais importante foi a de aproveitar cada segundo, cada porta que se abre, nunca esperar pelo amanhã, pelo depois... É no fundo isso também que estou a fazer ao viver esta incrível oportunidade que me apareceu no caminho.

Tenho agora uma vida completamente diferente daquela que tinha em Portugal, e estou habituado a ela. Vejle é agora a minha cidade, esta é agora a minha casa e tenho a secretária de onde escrevo esta “carta” também já repleta de “tralha”. Há coisas que não mudam, não importa onde estejamos!

Se um dia regressarei a Portugal? Há dias em que sinto que nunca cheguei a partir realmente...

Comentários

sushibaby disse…
E na realidade estás sempre aqui. Pelo menos nos nossos corações.
Já não o vejo todos os dias, já não me bate mais no piercing, que tema em infectar constantemente, ao dar-me um beijinho e já não me chama de boneca, mas ele também está aqui. Mas nem por isso deixo de sentir saudades.