[BrickJournal] Construtor do Grande e do Pequeno

Artigo publicado na edição número 12 da revista americana sobre o hobbie LEGO: BrickJournal.

Marcos Bessa
Construtor do Grande e do Pequeno 


Marcos Bessa é um Fã de LEGO Português que tem andado ocupado – com a Comunidade 0937, ele tem construído, exposto e até fez um baralho de cartas com as construções dos membros do seu LUG! O BrickJournal teve oportunidade de conversar com ele pouco antes de ser entrevistado na empresa LEGO para um cargo de Designer de Produtos. 


Entrevista por Joe Meno
Fotografia por Marcos Bessa (Foto Pinto)
Tradução e adaptação por Marcos Bessa 


1. O que é que fazes no teu “dia-à-dia”? – o teu trabalho. 
Terminei este ano a licenciatura em Ciências da Engenharia com Orientação em Engenharia Informática e Computação. Agora estou a pensar no que fazer no próximo ano, visto que me candidatei a LEGO Designer. Se não for seleccionado pela LEGO, estou a considerar fazer um estágio numa empresa de um amigo que também envolve LEGO ou então continuar a estudar e terminar o mestrado. 

2. Quando é que começaste a construir? 
Quando eu tinha à volta de 3 ou 4 anos recebi o meu primeiro set (6552) e desde então o LEGO foi sempre o meu brinquedo número 1. Eu adorava construir… simplesmente construir! Nunca fui do tipo de criança que gosta de “brincar” com o LEGO, de construir algo para depois brincar… Para mim “construir” era brincar! Depois de terminar alguma coisa, ia mostrar aos meus pais e então desmontava tudo e começava outra vez… Mas como AFOL voltei a construir quando tinha 19. 

Little Café Corner Revisited, uma 2ª versão
da miniatura do 10182 Café Corner.
3. O que é que te inspirou para começares a construir? 
Perguntar-me isso é quase como me perguntar o que me trouxe para o LEGO outra vez… Bem, foi o catálogo português de LEGO de 2008. O meu irmão mais novo – que nunca foi apaixonado por brincar com LEGO -, curiosamente tinha esse catálogo na sua secretária. Eu comecei a dar uma olhadela e foi então que sentir saudades dos grandes momentos que passei quando era criança a construir os meus tudo o que idealizava em sonhos com as peças coloridas! Depois disso, fui ao sótão buscar a minha minúscula colecção e rapidamente percebi que teria de gastar algum dinheiro em peças novas… (Eu nunca cheguei a comprar o meu “tão-adorado” iPhone porque decidi gastar o dinheiro que estava a juntar em LEGO). 

4. Qual foi o teu primeiro MOC? 
O primeiro? Mesmo? Eu acho que não lhe chamaria MOC… É mais algo tipo MOFFE: My Own First Failed Experience (“a minha primeira tentative falhada”)! Era uma espécie de torre de magos, na qual usei praticametne todas as “grandes técnicas” que eu achava que dominava na altura. 

5. Tiveste uma “Dark Age”? Se sim, porquê? 
Sim, tive! Uma longa e dolorosa “dark age”… Começou quando eu tinha 12 anos – os meus últimos sets LEGO na altura foram os primeiros seis Toa Mata (Bionicle) -, e durou até aos meus 19 anos, quando eu descobri que havia um mundo totalmente desconhecido de AFOLs, MOCs, SNOT, e por aí fora… e não consegui deter-me de recomeçar a construir outra vez! A principal razão da minha “dark age” é a mais comum: toda a gente à minha volta me dizia que eu já não tinha idade para brincar com LEGO. E num triste dia eu acreditei nisso! Felizmente, agora eu sei o quão errados eles estavam! 

Villa Maison, um modelo digital construído
com recurso ao LEGO Digital Designer.
6. O que é que gostas de construir? 
Edifícios! Edifícios… Edifícios! Eu adoro reproduzir todos esses ornamentos e estilos de edifícios dos séculos XVIII, XIX e meados do século XX. Para além da minha preferência por edifícios, considero-me bastante ecléctico no que diz respeito a temas de construção. Eu gosto de me desafiar a tentar coisas novas, estilos diferentes, novas técnicas…

7. Porque é que gostas de construir? 
Eu acho que de alguma forma é uma maneira de me expressar. Quando estou a construir, deixo a minha imaginação correr livre e selvagem e adoro essa sensação… É quase como quando estou a escrever: fazer de Deus, sem regras nem limites (bem, na verdade há limites no LEGO… o principal é o número de peças que infelizmente não é infinitivo!). 

8. Set favorito? 
Obviamente todos os prédios modulares! O meu preferido é o Green Grocer, mas gosto deles todos. Cada um tem o seu estilo, cores, detalhes… Tem sido um trabalho brilhante o que o Jamie tem feito com esta linha. Eu adoraria trabalhar neste tema um dia… 

9. Outros hobbies e interesses? 
Eu sou um homem de muitos interesses diferentes, mas quase todos estão de alguma forma ligados à arte. Adoro música, ouvir e cantar, e faço parte de alguns grupos, principalmente cantando em coro. Adoro cinema e teatro e sinto uma adrenalina incomparável sempre que estou no palco a viver a vida de outra “pessoa”. Representar é parte de mim e eu sei que estarei sempre a fazer algo relacionado com isso. Escrever, como mencionei antes: “fazer de Deus”, é um dos meus hobbies favoritos. Publiquei um romance em Portugal, quando tinha 17 anos, chamado “O Outro Lado da Verdade” e desde então já terminei outro livro e comecei um terceiro.

Baralho de cartas da Comunidade 0937, com fotografias de construções dos membros.

10. Sobre os baralhos de cartas – o que te inspirou para os criar? 
Quando descobri o site do MOO (onde imprimi as cartas), imediatamente pensei em fazer um baralho de cartas com os cartões de visita – parecia-me uma ideia interessante. Então um dia comecei a pensar em fazer algo relacionado com LEGO. Nessa mesma altura, no fórum do meu LUG, alguém comentou que seria interessante termos o nosso próprio baralho de cartas, foi então que comecei a trabalhar nisso. 

11. És um membro activo no teu LUG? 
Sim, eu visito o fórum do meu LUG diariamente e participo nos vários tópicos de discussão. Sou um dos membros mais activos e ajudo em tudo o que posso quando há novos eventos para preparar ou actividades para promover. 

12. O que te serviu de inspiração para o teu museu? 
É difícil de responder a isso, porque eu não tive nenhuma inspiração em particular, nem um edifício real nem nada disso. Ele foi crescendo lentamente e eu fui pensando nos detalhes à medida que o ia construindo. Na verdade, planei o que queria fazer antes de começar, por exemplo, eu sabia desde o princípio que queria fazer aquelas escadas circulares, mas não tinha ideia logo desde o início de como elas iam ficar ou de como seriam feitas. 

Interior do Ancient Lady's Museum.

13. O que gostarias de destacar no teu museu em termos de técnicas de construção – os melhores aspectos da tua construção? 
Bem, além da escadaria no interior – que provavelmente é já um ícone deste MOC – eu pessoalmente gosto muito do chão no interior e do esquema de cores. Usei algumas cores pouco comuns: dark red, dark tan, dark blue,… , mas em termos de técnicas de construção, tenho de destacar as colunas e ambos os topos das janelas (triangular no 1º andar e semicircular no rés-do-chão). Outra coisa de que gosto muito, embora não seja assim tão complexa em termos de técnica, são os sofás, que já tinha feito há algum tempo, embora não me recorde de os ter usado antes. 

14. O que gostarias de construir a seguir? 
Neste momento o meu future é bastante incerto. Não sei o que o meu futuro próximo me reserva profissionalmente falando, por isso não sei o que terei oportunidade de realmente fazer a seguir, mas eu adoraria avançar com um projecto que tenho vindo a planear há mais de um ano e meio com um casal amigo: queremos prestar uma espécie de tributo a um dos nossos filmes favoritos: Jurassic Park. Também espero poder vir a construir a minha própria cidade antiga e clássica, com muitos edifícios, ruas cheias de movimento, carros antigos, senhoras com lindos vestidos, ao lado de verdadeiros cavalheiros… 

15. O que é que estás a construir agora? 
Na verdade, estou de ferias! Sim, neste momento não estou a construir nada. 

Como nota de rodapé, o Marcos recebeu uma oferta de trabalho da empresa LEGO e é agora um LEGO Designer. 

O trabalho do Marcos pode ser encontrado online em: 
Flickr: www.flickr.com/photos/marcosbessa/ 
“LEGO fan email”: marcosbessa.lego@gmail.com 
Blog: marcosbessa.blogspot.com


Obs.: Artigo traduzido e publicado com autorização de Joe Meno, editor da revista BrickJournal.

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