[NEW LIFE] Day A024 - Hamburgo, a cidade das torres pontiagudas...
E já lá vão 25 dias a viver na Dinamarca... De agora em diante, a cada dia que passa, estarei a bater um novo recorde de dias longe de casa, a minha verdadeira casa - em todos os sentidos -, em Portugal.
Este últimos dias foram cheios de actividade e fugas à rotina que já se começava a instalar novamente, desta vez em casa do Mark. No domingo à noite apanhei o autocarro 406 para Kolding, a uma hora de distância, para ir ter com a Helle - uma outra funcionária da LEGO -, com quem eu ia fazer a viagem de carro até Hamburgo. Andamos pouco mais de 2 horas até chegarmos ao destino. O GPS portou-se bem... :)
Pelo caminho ainda parámos num McDonalds, ainda na Dinamarca, porque a Helle não tinha jantado. Eu tinha comido um prato da minha sopa antes de sair de casa, mas não dizia "não" a um hamburguer no McDonalds mais "saudável do mundo".... =P
Ao chegarmos, nenhum dos dois tinha a certeza quanto ao nome do hotel, por isso, quando parámos em frente ao The George eu saí do carro e fui à recepção verificar se havia alguma reserva em nome da LEGO. Voltei para o carro com um "não" como resposta... "E com o teu nome?", perguntou-me a Helle. Lá voltei à recepção e de facto havia uma reserva em nome do Sr. Bessa..... xD
O hotel tinha um óptimo aspecto e tanto eu como a Helle estávamos muito optimistas em relação aos quartos que teríamos à nossa espera.
Depois de instalados, era tempo de descansar. O dia seguinte estava programado para começar às 7h, para o pequeno-almoço. E à hora combinada, lá estávamos eu e a Helle, prontos para comer um belo de um pequeno-almoço. Eram já 7h20 e nós sem termos ainda qualquer sinal do meu chefe que tinha chegado também na noite anterior, depois de nós, vindo da Inglaterra. A Helle mandou-lhe uma mensagem e tentou ligar-lhe, mas ele não dava sinal... Quando se preparava para ir até à recepção pedir para telefonarem para o quarto dele, o telemóvel dela vibrou: "Sorry. Down in 5." ("Desculpa, desço em 5 minutos.")... que na verdade foram 15! xD E mesmo sem tomar o pequeno-almoço ali no hotel, o Matthew - o meu chefe - seguiu connosco para as instalações onde iam decorrer os "trabalhos".
Na terça-feira, o segundo dia em Hamburgo (sem contar com o domingo que foi só para a "chegada"), tive a manhã livre para passear pela cidade. O tempo estava óptimo (o que é bastante relativo!), ou seja, estava frio, muito frio, mas não estava a chover! =D Andei durante mais de 3 horas - hoje ainda tenho uma bolha no pé esquerdo....
Comecei por caminhar um pouco junto ao rio, numa espécie de parque que cobre grande parte da margem. De casaco fechado até cima, auscultadores nos ouvidos, lá ia eu a caminhar...
Um pouco mais à frente, encontrei patos e cisnes no rio... E reparem como é curioso analisar a "psicologia" dos patos:
Tanto estão todos de acordo num instante...
... como de repente cada um vai para o seu lado (literalmente!).
Gostei muito da cidade! Está cheia de edifícios antigos, fachadas impressionantes, montes de igrejas e catedrais...
E mesmo em Hamburgo, não deixei de ver edifícios "tortos", como em Ribe.... =D
Um dos edifícios mais bonitos e imponentes que tive oportunidade de ver foi a Câmara Municipal da cidade, The Hamburg Rathaus:
O interior não era de todo menos interessante!!
E de novo no exterior, mas desta vez nas traseiras...
Desde já faço um parêntesis para me desculpar pela quantidade tremenda - e pouco habitual - de fotos neste post, mas dadas as circunstâncias, não há nada que eu possa escrever que melhor descreva o que eu vi ontem em Hamburgo! :) E das mais de 130 fotos que tirei, têm sorte que soube seleccionar "apenas algumas"!
Voltando ao passeio... Em Hamburgo, uma coisa que pude reparar muito claramente é que a cidade está repleta de torres pontiagudas: igrejas e catedrais não faltam por aqueles lados! Mas houve uma certa torre que me chamou particularmente à atenção... E eu estava longe de imaginar o que iria encontrar na sua base...
Ali estava a tal torre, por de trás de um edifício relativamente comum e de uns prédios modernos. Pelo tamanho e detalhe na construção, que até de longe era bem evidente, só podia ser uma catedral!
Ao chegar junto da torre, antes mesmo de olhar para ela concretamente, reparei numa fonte, mesmo em frente, no meio de um parque de estacionamento (e só agora me apercebi que não reparei na altura na placa informativa junto à fonte... --'). Depois sim, voltei-me para a esquerda e reparei que no lugar do que eu esperava ver uma imponente catedral, jazia apenas e só uma torre... Imponente, por certo, mas apenas uma torre. "Como os Clérigos", pensei eu...
Mas... Mas....? O que é aquilo?
Ruínas?
Na verdade, ali foi em tempos uma verdadeira catedral, que infelizmente foi destruída em 1943, em consequência também da 2ª Guerra Mundial. Apesar da destruição, posso garantir-vos que o que se pode ainda ver é realmente impressionante! E a atmosfera no recinto onde em tempos fora o interior daquela catedral tem um quê de mística e intrigante.
Entretanto, os ponteiros do relógio já deviam marcar por volta do meio dia quando me decidi a voltar para o hotel. Pelo caminho de regresso ainda vi mais algumas coisas bem interessantes: mais um teatro, alguns edifícios com fachadas lindíssimas, a grande estação de comboios...
Como seria de esperar, dada o meu sentido de orientação que deixa bastante a desejar na maioria das vezes... perdi-me! Não sabia voltar para o meu hotel! xD Eu sabia a direcção que devia tomar em relação ao Sol, mas senti-a que estava a caminhar há imenso tempo e continuava sem reconhecer nenhuma rua... Mas como quem tem boca vai a Roma, lá parei para perguntar a um senhor em que direcção ficava o The George. Ele não conhecia o hotel, então perguntei-lhe pelo Atlantic, um outro hotel perto do meu, pelo qual me recordava de ter passado. Esse ele já reconheceu e guiou-me até à estação de comboios, para onde ele também se estava a dirigir: "Agora é só seguir esta rua e chega lá!", ou seja, eu até ia bem encaminhado.... :)
De volta ao hotel, o Matthew e a Helle ainda estavam a trabalhar, numa espécie de reunião semi-informal, na sala de estar. Juntei-me a eles, mas deixei-me ficar num outro sofá a observar as minhas fotos. Uma outra funcionária da LEGO que estava sentada à minha frente - estávamos cerca de 10 funcionários ali no hotel - perguntou-me se tinha passado por uma pequena mercearia portuguesa e por um restaurante com comida portuguesa. Eu respondi que não! Curioso, peguei no casaco novamente, e apesar de me estarem a doer os pés (a bolha já lá devia estar....), lá fui eu procurar, afinal era na rua do hotel, portanto, não havia de ser assim tão longe...
Tempo perdido! Lá encontrei a tal mercearia, muito castiça, pequenina, num piso semi-subterrado, com produtos realmente portugueses... Mas quando me dirigi ao vendedor, perguntei se era português. Respondeu com ar de poucos amigos que não. Insisti, perguntando se a loja pertencia a algum português ou se teria sido criada por um. Respondeu-me novamente apenas com um não mal humorado. "É que eu sou Português e achei curioso haver aqui uma loja com produtos do meu país...", acrescentei eu, para tentar justificar a minha curiosidade e insistência, mas o homem apenas fez uma cara de "está bem, e eu com isso...." e nem uma palavra... Voltei costas e saí! Arre! Viu-se bem que não tinha nada de português nas costelas!!
Também passei pelo restaurante que servia comida portuguesa, mas era um restaurante que também servia comida italiana e espanhola... Nem arrisquei entrar! Voltei para o hotel, arrependido de não me ter deixado ficar sentado no sofá, e com os pés ainda mais doridos...
Antes do almoço ainda reencontrei a Rosário Costa, a única portuguesa além de mim a trabalhar na LEGO neste momento. Tínhamo-nos cruzado na noite anterior, no jantar, também ali no hotel, mas falámos pouco. Ela e a sua equipa estavam ali hospedados também em trabalho. Coincidências curiosas... :) Foi preciso ir até Hamburgo para a conhecer pessoalmente, depois de 3 semanas a trabalhar na mesma empresa! =D
É uma senhora pequenina - mesmo pequenina -, mas muito simpática! Adorei conhecê-la um bocadinho melhor e até já fui convidado a ir até sua casa para falar com o filhote de 3 anos, com quem ela só fala em português... :) Pelo meio da conversa, ficámos com a dúvida se não teremos qualquer parentesco, visto que a mãe dela é dos lados de Paredes e tem família com o apelido Bessa!! Dá para acreditar?! xD
Depois do almoço, foi tempo de trabalhar! Estivemos até pouco depois das 20h nas instalações, depois arrancámos de volta para Kolding: eu, a Helle e o Matthew. Quando chegámos a Kolding, já passavam das 23h e eu já não tinha autocarros de volta para Billund, por isso tive de apanhar um táxi. A Helle no caminho já tinha providenciado dois táxis, para assim que chegássemos a um determinado ponto que ela marcou, os tivéssemos lá à nossa espera, prontos a seguir viagem connosco: eu para Billund e o Matthew para Vejle.
O meu taxista não falava uma única palavra em inglês (excepto o "OK", que é universal... lol) e eu ainda não percebo pevide de dinamarquês, portanto estão a imaginar a viagem animada que foi.... Eu até me sentei à frente, no lugar ao lado do condutor, a imaginar que íamos conversando pelo caminho, para me manter acordado, mas quando me apercebi que ele não falava inglês, foi cómico! Achei, pelo menos, que ele percebia um bocadinho de inglês, apesar de não dizer nada... Na verdade, pensando bem, se calhar não percebia, porque a primeira coisa que lhe disse foi que eu não compreendia nada de dinamarquês, mas a cada quarto de hora lá ele começava a falar qualquer coisa totalmente imperceptível para mim, ao que eu respondia sempre: "Sorry, I can't understand you!", ineficazmente, porque pouco tempo depois já estava ele outra vez a querer dizer-me qualquer coisa... XD Pelo meio, ele ainda ia mexendo com o dedo no nariz e esfregando a mão nas calças......... Nheeeeec......... Para ajudar ainda mais um pouco à aventura que foi o regresso a casa, a máquina de pagamento do táxi era nova e o próprio condutor parecia-me inexperiente, para além do que o meu cartão multibanco ainda é português (fui hoje ao banco dar entrada dos papeis para abrir uma conta), ou seja, ele não sabia muito bem como fazer para me cobrar. No fim de contas, lá cheguei ao destino e ele lá consegui cobrar-me (e bem!!!) pela viagem. O que vale é que estes são custos cobertos pela empresa... :)
E pronto, hoje voltei à minha rotina com o Bandit e a iguana: comida para os dois, lavar alguma roupa, prepara o jantar, escrever um relato... que finalmente está a chegar ao fim! Estou cansado... Ter de passar o dia inteiro a pensar e a esforçar-me para falar inglês deixa-me realmente desgastado! Para não falar no desgaste que é também criar, construir... Afinal, isto se calhar não é bem a pêra doce que muitos imaginam! Mas ainda assim eu estou a adorar cada momento! :)
Até ao próximo capítulo! ;)
P.S. Não me apetece reler o post agora. Se encontrarem gralhas ou até frases sem sentido, não reparem, amanhã revejo.
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